Panacéia dos Amigos

sexta-feira

O mistério sombrio de Jack, o estripador

LONDRES E WHITECHAPEL

1888.O império britânico está no auge e seus domínios estendem-se por vários territórios na Europa até a Índia. Sua influência está em todas as partes do mundo, trata-se da superpotência desta época. Sob o comando, já há meio século, da Rainha Vitória, o império britânico prospera como nunca antes em sua história.

Londres é a capital do mundo. Uma metrópole que oferecia muitos prazeres e diversões aos seus habitantes e visitantes. Pelo menos, aos que podiam pagar, aos demais cabia pagar a prosperidade dos outros com uma vida de miséria quase absoluta. Estes universos paralelos e conflitantes se representavam entre o West End que era um bairro nobre com seus teatros de luxo e belas mansões e o East End com seus cortiços, pensões e bórdeis aonde um bairro se destacava em todos os seus aspectos funestos: Whitechapel.

Whitechapel era um verdadeiro labirinto com ruelas estreitas, pátios e becos que eram escuros mesmo sob a luz do dia. As casas eram todas velhas e mal conservadas. Em geral, uma família inteira , com dez ou mais pessoas ocupava um único cômodo, sem banheiro, iluminação ou ventilação. Mesmo assim, afluíam para o bairro inúmeras pessoas que desejavam tentar a sorte em Londres, vindas do interior ou de outros países. No ano de 1888, a população de Whitechapel alcançava 2.000.000 de pessoas entre judeus, russos, poloneses, chineses, escandinavos e ingleses marginalizados, um número que superava cidades como Filadélfia ou Berlim, e a prostituição era o meio mais utilizado pelas mulheres miseráveis para garantir sua sobrevivência. Havia mais de 2.000 prostitutas vagando pelo bairro, chegando até a atender os clientes em plena rua. Além da prostituição, o crime era um meio de vida, bastante comum.

E foi no miserável bairro de Whitechapel aonde aconteceu o flagelo conhecido como JACK, O ESTRIPADOR.

OS ASSASSINATOS

A partir do mês de agosto, Jack, o estripador, transformou o bairro de Whitechapel em um matadouro. Trouxe o horror e pesadelo as almas de toda Londres. Assassinou brutalmente cinco prostitutas e desapareceu, sem deixar vestígios, repentinamente como surgiu alimentando um mito e mistério que se espalhou por todo o mundo perdurando até os dias de hoje.

A primeira vítima foi Mary Ann Nichols , sua garganta estava cortada e seu abdômen aberto. Não havia testemunhas, ninguém havia escutado nada. O investigador responsável fez com que se lavasse rapidamente o sangue deixado na rua pelo corpo, antes dos exames de legistas. Acreditou-se tratar de um crime passional nada incomum na vida das prostitutas de Whitechapel.

Este caso já caía no esquecimento quando ocorreu o segundo assassinato. O corpo de Anne Chapman , 47, foi encontrado nos fundos de uma casa em Hambury. A garganta estava cortada de lado a lado, o abdômen aberto e os intestinos jogados sobre o pescoço. Foi encontrado um avental de couro próximo ao corpo, além de três moedas e outros pequenos itens colocados meticulosamente, de maneira organizada e cujo significado escapava a polícia. O avental de couro era usualmente utilizada por açougueiros , gerando uma revolta e perseguição contra eles. A Scotland Yard resolve seguir as investigações sigilosamente, pois, o caso começa a causar confusão nas ruas.

No dia 30 de setembro, ocorre a noite dos dois assassinatos. Quando julgava-se que o assassino haveria desistido. Ele ataca de maneira assombrosa, com diversos policiais nas ruas, duas prostitutas e foge sem deixar vestígios. A primeira vítima, Elisabeth Stride, tinha a garganta cortada, mas a chegada repentina de um transeunte, fez com que Jack fugisse sem completar a mutilação. A polícia é avisada e se mobiliza nas ruas. Logo, em Mitre Square, distante não mais do que quinze minutos de corrida do local da primeira vítima, um segundo corpo é encontrado.

A vítima se chamava Catherine Eddowes, embora fosse também conhecida por outros nomes, entre eles o de "Mary Ann Kelly", sua perna esquerda estava esticada, e a direita encolhida. As palmas das mão estavam estendidas para cima, como se ela estivesse em oração ou pedindo perdão. A garganta, como de costume, cortada de lado a lado, e a parte do rosto do nariz até o ângulo direito havia afundado. Um pedaço da orelha direita estava desaparecido. Um corte havia sido feito do pescoço até o ventre. Os intestinos foram puxados e deixados em volta do pescoço e vários órgãos internos haviam sido retirados. Numa parede próxima foram encontrados pichações provocativas que envolviam os judeus. E numa fonte pública, havia sangue aonde o assassino teria lavado as mãos. Havia o desejo de fotografar o escrito, afinal, era aquela a escrita do estripador, mas o responsável da investigação mandou apagar as inscrições antes de qualquer registro alegando que logo vários transeuntes estariam ali podendo-se iniciar uma onda de anti-semitismo.

Foi então, que o horror se espalhou por toda a cidade londrina. O depto. da Scotland Yard recebia inúmeras cartas, supostamente, do assassino. Nestas cartas, ele desdenhava do esforço policial em captura-lo, divertia-se com as teorias a respeito e prometia mais mortes. A mais dramática trazia junto um vasilhame contendo um pedaço fresco de fígado, que o assassino que se identificava como Jack, o estripador, dizia haver comido a metade e que havia retirado de uma de suas vítimas. Exames realizados demonstravam que, de fato, se tratava de um fígado humano. Jack, enlouquecia de terror a população e se tornava um enigma terrível para a Scotland Yard, mas o pior ainda estava por vir.

Mary Jane Kelly, 25, era uma conhecida prostituta de Whitechapel, sua beleza, talvez, em virtude de ainda ser jovem, era muito cobiçada pelos "clientes", o que dava a Mary o "luxo" de poder utilizar um quarto que alugava em Dorset Street, nº 13.

Em 09 de novembro, o corpo de Mary Kelly foi encontrado pelo senhorio. Os lençóis e as paredes estavam banhados de sangue. Na lareira, fervia uma panela com água, e o coração de Mary estava nele. Um feto de três meses fora arrancado de seu útero e lançado contra a parede próxima da cama. Mary Kelly estava deitada, nua, sob a cama. A garganta estava cortada de orelha a orelha com profundidade até a coluna vertebral. Orelhas e nariz foram cortados e a pele do rosto foi arrancada. Do peito ao ventre foi aberta incisão deixando o abdômen e o estômago abertos. Os seios foram cortados e colocados, juntamente com todos os órgãos internos sobre uma mesa ao lado da cama. A perna direita estava flexionada e fora totalmente desossada. Roupas, provavelmente as dela, foram queimadas no fogo.

A Scotland Yard trouxe fotógrafos para tirarem fotos da retina de Mary Kelly na esperança de que a imagem do assassino estivesse neles. O local foi investigado e o assassinato em todos os seus terríveis detalhes tornou-se de domínio público horrorizando ainda mais a população. No entanto, nada mais se saberia sobre Jack, o estripador, este fora seu último assassinato.

SUSPEITOS

Existem vários suspeitos que podem ter sido Jack, o estripador. Tais suspeitas vão desde a moradores de Whitechapel, artistas plásticos, atores, ocultistas, médicos (como William Gull, médico da rainha e, de fato, necessitava-se de algum conhecimento para a mutilação, além de instrumentos médicos) até membros da nobreza britânica (O príncipe) e da Maçonaria. No entanto, provavelmente, nunca se saberá quem foi Jack, o estripador. Sua história se tornou um mito , uma parte das lendas britânicas tornando Whitechapel e os locais dos assassinatos uma atração turística visitada todos os anos por milhares de pessoas e geradora de diversos livros de pesquisa e ficção.

A identidade e as motivações de Jack, o estripador provavelmente jamais serão conhecidos, e quem sabe, isto é o melhor que possa acontecer.

CURIOSIDADES

  • Antes do assassinato do "avental de couro" uma testemunha alega ter visto um homem com bigodes para cima, cartola, bem vestido, aparentemente da alta sociedade, conversando a vítima e entrando com ela no local do assassinato. Disse que seus olhos eram frios e assustadores. Esta descrição era muito próxima do príncipe britânico, mas segundo relata-se ele estava viajando na época.
  • Na "noite dos dois assassinatos", um policial afirma ter visto um homem, bem vestido, com chapéu, capa e uma maleta que lhe cumprimentou com um "boa noite". Sua voz relata era fria e seu olhar "infernal", segundos depois avisado aos gritos por colegas saberia dos assassinatos e correu para alcançar e prender o homem e conseguiu faze-lo. Levou ao departamento de polícia mais próximo. O homem não reagiu. Ao chegar lá aproximou-se do chefe do departamento e cochichou ao ouvido dele. Segundo relata, o homem ficou branco e arregalou os olhos, então ordenou que o estranho fosse solto, perguntas não deveriam ser feitas e o caso não deveria ser relatado.
  • Segundo vizinhos de Mary Kelly, de madrugada, na noite do assassinato, ouviram uma discussão e gritos de Mary que diziam: "Não! Assassino, assassino!" Mas , como era de costume em Whitechapel, resolveram não se envolver. Outro ponto que chama a atenção é que o quarto de Mary estava com portas e janelas trancadas e as chaves estavam dentro do quarto. O senhorio abriu com cópias que possuía.
  • Ainda, num relato assombroso, conseguido tempos depois, uma amiga de Mary Kelly afirma ter ido visita-la por volta das 08:30h da manhã, mas antes de bater na porta do quarto avistou, no fim da rua, a distância, Mary afastando-se de costas de braços com um cavalheiro bem trajado, parece ter sentido a amiga, pois voltou-se e acenou para ela, entrando depois em uma outra rua e desaparecendo de sua visão. Tal relato é impressionante, pois o corpo de Mary foi encontrado no quarto duas horas depois e segundo legistas o assassinato ocorrera de madrugada e Jack havia passado horas realizando sua mutilação. Portanto, era impossível que Mary estivesse viva, no entanto, a testemunha manteve seu relato como a pura verdade.
  • A Scotland Yard tem em seu poder uma faca, de uso cirúrgico, que afirma ter pertencido a Jack, sem nunca, no entanto, revelar como a conseguiu.
  • As cartas escritas por Jack, foram guardadas e por lei só poderiam ser abertas ao público após 100 anos (1988) no entanto, tal decisão foi revogada e elas foram queimadas.

LEITURAS RECOMENDADAS

Jack, o estripador - de Tom Culle - Versão traduzida para o português, um bom livro para iniciantes no caso do assassino de Whitechapel.

O retrato de um assassino – Patrícia Cornwell – Neste livro, a autora afirma ter descoberto a identidade de Jack, como um artista plástico que, de fato, fazia pinturas baseadas em assassinatos e bastante mórbidas, segundo ela os registros de DNA que ela identificou através da faca em posse da Scotland Yard e do artista são semelhantes, mas sua teoria não é aceita por todos os estudiosos do assassino de Whitechapel.

A complete casebook Jack, the Ripper - Donald Rumbelow - Este autor é uma das maiores autoridades mundiais sobre o caso de Jack, o estripador e seu livro é a obra mais completa do assunto. Foi publicado em 1974 , no entanto, uma nova edição revisada e ampliada foi publicada depois. Uma excelente sugestão se você domina o idioma inglês.

From Hell - Alan Moore - Esta obra monumental das histórias em quadrinhos, traz a visão do genial Alan Moore (Watchmen, V de Vingança, Piada Mortal, Miracleman e outros clássicos das HQs) sobre o assassino de Whitechapel. A pesquisa de Alan foi impressionante, ao final das edições há uma listagem dos livros pesquisados que vão de A a Z. Segundo Alan sua extensa e intensa pesquisa o jogou bem próximo da mente de Jack, e ele não ousaria dar um passo a mais. Só é possível comprar edições importadas dos E. U. A, pois até então, a obra não foi lançada no Brasil.

Os pará-raios do Rei Salomão

Há perto de dois séculos, Benjamin Franklin inventou o Pará-raios. É uma verdade aceita. No entanto, é absolutamente certo, e descrito pelos antigos cronistas, que o Templo de Salomão, há três milênios, tinha 24 pará-raios. Esse templo , jamais foi atingido pelos raios, e o físico François Arago, no século XVIII , deu a explicação de semelhante privilégio: O telhado do templo, construído à italiana e revestido com lambris de madeira de cedro coberto de uma espessa camada dourada, era guarnecido de uma ponta à outra de longas lâminas de ferro ou aço pontiagudas e douradas. Na opinião de Jósephe, o arquiteto destinava essas numerosas pontas (em número de 24) a impedir que os pássaros pousassem no telhado e aí deixassem os seus excrementos. Os lados do monumento também eram cobertos, em toda a sua extensão , de madeira dourada. Finalmente, no átrio do templo, existiam cisternas para as quais a água entrava por meio de tubos metálicos. Aqui encontramos as hastes dos pára-raios e uma tal abundância de condutores, que Lichtenberg tinha razão ao afirmar que a décima parte dos aparelhos dos nossos dias está longe de oferecer, na construção, um conjunto de circunstâncias tão satisfatórias. Definitivamente, o Templo de Jerusalém , conservado intacto durante mais de 1000 anos, pode ser citado como a prova mais concludente da eficácia dos pára-raios. De que maneira Salomão e o seu arquiteto tomaram conhecimento do Pará-raios? E por que não legaram o seu segredo? Perguntas cuja resposta se encontram no caminho que leva a verdade... Fonte: História desconhecida dos homens- Robert Charroux

Donnie Darko

Bizarro e brilhante. Não há melhor definição para este filme.
Na mesma linha de David Lynch (Twins Peaks,Veludo Azul, EstradaPerdida...), Donnie Darko é um filme que nos força a olhar aestranheza de frente, enfrentar horrores subconscientes, imagens aleatórias, humor negro, e drama psicológico que força o espectador em suas entranhas mentais (Você se incomoda, mas não entende bem por quê, algo dentro de você é cutucado e se mexe e você não consegue compreender) até quase quebrar e talvez, em alguns casos quebre. Manter a sanidade é responsabilidade de cada um , se envolvendo mais ou menos na história.
A história em si, trata de Donnie Darko, um adolescente de classe média, que sofre de sonambulismo. Sonâmbulo, ele sai de casa e enquanto perambula pelas ruas uma turbina de um Boeing (!) cai em sua casa, especialmente em seu quarto (!) . Justamente, após escapar com vida deste fim trágico é que se inicia o tormento de Donnie que passa a ter alucinações com um coelho de pelúcia gigante e de aparência sombria (É, doente mesmo.) que o instiga a realizar "ações" e vem para anunciar a ele que o mundo irá acabar em menos de um mês.
Esta viagem se torna complexa, envolvendo viagem no tempo, humor negro, crítica ácida, e efeitos especiais. Entramos num labirinto do minotauro guiados por um inseguro fio de Ariadne sustentado pelo protagonista e podemos ou não voltar desta viagem que é, traduzindo conseguir ou não entender o próprio filme. A direção desta estranha experiência é do cineasta Richard Kelly, o filme foi produzido pela Flowr Films de Drew Barrymore ( que faz coisas melhores na vida do que interpretar "panteras" no cinema) e Donnie é interpretado talentosamente por Jake Gyllenhaal.
Assisti com minha família a "Donnie Darko" num desses "Corujões" da vida, (alguns dos melhores filmes que se pode assistir, na tv aberta, são de madrugada) e, acredito saímos do labirinto (entendemos o filme) , mas um trabalho tão ousado e criativo não tem uma explicação cartesiana. Cabe a cada um ter sua saída, sua interpretação do que aconteceu, e este é justamente um dos maiores atrativos do filme. Cada um tem sua própria interpretação o que faz com que o filme instigue o dialógo (o que aconteceu com minha família, ainda hoje, podemos debater a respeito do filme, pois, nada nele é simplesmente conclusivo).
É realmente fascinante assisti-lo acompanhado, sem dúvida, irá proporcionar um debate interessante. Esta será uma viagem alucinante, além de empolgante também.

The Banana Splits


The Banana Splits foi um programa exibido no Brasil, pela Tv Record, um sucesso dos anos 60, que tive oportunidade de assistir quando criança, no ínicio dos anos oitenta. O programa tinha quatro apresentadores que eram atores fantasiados de cachorro (Fleegle), um gorila (Bingo), Um leão (Drooper) e um elefante (Snorky). Havia ainda uma garotinha Charlie que participava com a turma. Os personagens viviam esquetes cômicos e apresentavam desenhos e séries animadas.

Um grande barato era a música-tema não havia como não ficar com um sorriso no rosto aos primeiros acordes e o "Tra-lá-lá..." que iniciava a canção.

Na verdade, The Banana Splits começou com a Hanna-Barbera criando um desenho animado chamado The Banana Bunch, mas , meses antes da produção decidiram transforma-los em personagens "vivos" e deram ínicio a produção do programa intitulado "The Banana Splits Hour" que foi um tremendo sucesso em sua primeira temporada, no ano de 1968, mas que não resistiu a segunda perdendo audiência e sendo cancelado.

A série teve 31 episódios. Cada um deles tinha uma hora de duração.Nos anos 70, dezoito destes episódios foram editados em meia hora, e foi esta a versão que tivemos acesso aqui no Brasil. Lembro-me de alguns dos desenhos e séries apresentados como uma versão animada de "Os três mosqueteiros" (Sinceramente, preferia a versão animada dos cachorros exibida na TV Manchete, mas isto é assunto para outra matéria), e "A Ilha do Perigo". 

Curioso que eu sempre mudava de canal quando "A Ilha" começava e, muitos anos mais tarde, fui descobrir que a série foi dirigida por Richard Donner (Super-Homem, Máquina Mortífera, Feitiço de Áquila e outros), um dos meus diretores favoritos! Gostaria de ter assistido com mais atenção. Além disso, lá estavam a Turma da Gatolândia (Esse eu me recordo um pouco), Cavaleiros da Árabia e os Microventures Me parece que havia uma série com macacos(de verdade). (Esses três últimos eu realmente não tenho apenas uma vaga lembrança).


Eu realmente não gostava do que era apresentado, mas os "Bananas" em si, eram muito divertidos e valia mais assisti-los do que as atrações. O cenário (que nunca, nunca mudava) trazia o leque de cores a cultura psicodélica dos anos 60, o que para uma criança é apenas colorido, esquisito e portanto divertido. A série teve um certo sucesso no país, chegou-se mesmo a ter camisetas , e é claro que tive a minha.


The Banana Splits , era muito divertido e marcou a infância de muita gente. É uma das referências básicas de "bobagens adoráveis" dos anos 60 e que se tornaram "cults" tais como a série do "Batman", ou mesmo o famigerado "Besouro Verde". Um marco da Hanna-Barbera com atores e desenhos animados que vale a pena ser assistido novamente para ver que coisas como "TV Colosso", teve pai e mãe, pensando bem...avós.


quinta-feira

Língua de Trapo

Língua de Trapo. Penso que escrever sobre o trabalho desta banda é, mesmo que a grosso modo, constatar e refletir um pouco sobre a importância do humor. Aquela sabedoria inerente daquele que ri. Rir como remédio das mazelas é alívio. Se você leva tudo a sério demais, é duro demais, então você quebra se a pressão for suficiente. Aprender a rir nos torna maleáveis e nos alça acima das ondas variáveis e imprevisíveis no devenir dos acontecimentos. É sublimar , colocar-se acima dos problemas e obstáculos.

E quanto a pensar o “problema” enquanto ri? É fascinante a possibilidade de levar as pessoas , induzi-las, ainda que não percebam, a pensarem (ainda que por um segundo) criticamente sobre a vida, sobre o absurdo de situações, enquanto elas estão rindo.

Que forma mais generosa é divertir por diversão pura e simples! Como um alívio e, também, divertir enquanto faz pensar. Pensar, sem sofrer, enquanto ri do absurdo da vida.

Isto, para mim , é realizado de maneira extraordinária pelo Grupo Língua de Trapo. Conheci o trabalho do grupo através do disco “LÍNGUA DE TRAPO” (o famoso “disco azul”) e depois adquiri o “Brincando com o Fogo” (recomendo a todos, risadas garantidas e de brinde reflexão sorridente).

Extremamente criativos, anárquicos, sátiros, irônicos, humorados. Há mais de 20 anos na estrada. O Língua de Trapo é uma referência para várias bandas (Inclusive para os Mamonas Assassinas que declararam ter sido influenciados pelo grupo) com seu trabalho irreverente, original e sempre relevante.

Procurem conhecer o trabalho do Língua de Trapo, ouçam seus discos e se puderem assistam seus raros e disputados shows (aonde a música se mistura a irreverente manifestação cênica).

Em suas canções rimos por que é divertido, mas, também, em outras rimos porque pensamos. E pensamos seriamente, apesar do sorriso.

Discografia:

LÍNGUA DE TRAPO (1982)

SEM INDIRETAS (1984)

COMO É BOM SER PUNK (1985)

17 big golden hits superquentes mais vendidos no momento (1986)

BRINCANDO COM FOGO (1991)

LÍNGUA AO VIVO (1995)

VINTE E UM ANOS NA ESTRADA (2000)

Vídeo:

Sampa: http://www.youtube.com/watch?v=k-umEjEEA1A

Cagar é bom:http://www.youtube.com/watch?v=V-orokF0CN8&feature=related

sexta-feira

Entrevista com ALEX SUNDER

É com grande satisfação que publicamos mais uma PANACÉIA DAS ENTREVISTAS . Desta vez, entrevistamos o artista plástico, e desenhista de HQ´s, MÁRCIO ALEX SUNDER.

ALEX SUNDER começou ilustrando matérias de RPG para revistas e livros de RPG nacionais, como Dragon Magazine, Dragão Brasil e Daemon. Publicou através da Trama Editorial a mini-série GODLESS (Ver matéria). Em 1999, através da Chaos! Comics desenhou a mini-série "The Misfits" e em 2004 a mini-série "Orion The Hunter" para a editora Blue Water. Atualmente, ALEX SUNDER enveredou para as Artes Plásticas, deixando os quadrinhos de lado para produzir obras com um fundo mais artístico.

A PANACÉIA ESSENCIAL - Falemos do projeto "GODLESS" (HQ nacional em série, lançada pela Editora Trama, produzida por Alex Sunder,William Shibuya, Alexandre Jubran), lembro-me que na época de seu lançamento (o qual cobri através do encarte cultural "MANIA") havia uma certa atmosfera de entusiasmo pelo momento que estávamos passando com as editoras investindo em HQs nacionais, num alto padrão de qualidade. Passado o tempo, observando este período, qual é a sua avaliação crítica?

Sim, o entusiasmo era enorme. Não havia até então nenhuma produção 100% brasileira feita nos moldes do que estava sendo produzido lá fora. Não somente uma mini-série, em mesmo formato, mas o roteiro, desenho e cor 100% nacionais. A cor digital ainda era novidade numa publicação nacional de quadrinhos. Coisa que o Jubran fez muito bem. Ainda acho que o melhor da Godless foi a colorização do Alexandre Jubran.

Naquela época, eu era um assíduo leitor das revistas da Editora Image. Comprava praticamente todos os seus títulos (Entre meus prediletos, Pitt, Wild CATS, Darkness, Witchblade, Cyber Force, Wet Works, Gen 13, etc). A idéia era produzir uma revista nos mesmos moldes, inclusive o que a Image tinha de pior (risos), hoje tenho essa consciência, mas na época eu ainda era muito ingênuo. Esse alto padrão de qualidade que voce fala, hoje vejo como "nem tão alto assim", pra ser sincero, nem um pouco alto. Penso que, naquela época, poucos títulos da Image eram verdadeiramente bons. A maioria dos títulos tinha uma história muito, muito, muito fraca, e serviam de pretexto para que os desenhistas desenhassem somente o que gostavam. Acho que esse foi o preço que os fundadores da Image pagaram, quando deixaram as grandes editoras para fundar a Image, uma editora fundada por um monte de desenhistas muito jovens. Claro que, quando o desenhista é um fenômeno, como o caso de Jim Lee, pelo menos a gente se distrai com a arte (risos), que é deslumbrante. Mas no caso da Godless, minha arte ainda era muito imatura, não sobrava muita coisa... No fim das contas, apesar dos pesares, e de todos os defeitos da nossa produção, acho que serviu como impulso pra muita gente ver e pensar "se esses caras podem fazer um gibi, eu também posso". E isso de fato aconteceu. Até com desenhistas que se sentiram tão confidentes que não chegaram nem a publicar primeiro no Brasil, foram estrear direto nos EUA.Muito pouco depois da Godless e da UFO Team veio uma avalanche de revistas nacionais feitas por pequenas editoras. Até a Abril resolveu apostar (e roubar meu colorista) fazendo a Spirit of Amazon. Isso prova que, realmente, a Godless e a U.F.O Team fizeram crias, apesar de qualquer coisa. Ninguém pode negar isso, e me deixa muito feliz.

Falemos agora sobre interferência editorial, sinergia entre argumento e arte, os bastidores de uma HQ. Acompanhando Godless, desde o ínicio, sei que houveram contratempos em relação ao roteiro, atrasos entre as edições, e uma clara diferença no seu traço, que sempre apreciei, nítidamente nas duas últimas edições. Esclareça aos leitores da época e de hoje, o que aconteceu.

O Marcelo Cassaro nos dava liberdade total. Ele revisava as páginas e lia o roteiro inicial de cada sessão, mas, era incrivelmente flexível. Foi o melhor editor que tive até hoje! Só tenho a agradecer, pois, ele foi o primeiro a acreditar na minha arte. Eu pedi a meu melhor amigo naquela época, o William Shibuya , pra me ajudar a escrever roteiro, sendo que ele sempre fora mais culto e mais letrado do que eu. Shibuya escreveu tudo sozinho, e eu mudava pouca coisa no começo, alguns diálogos , por exemplo. Mais para o fim da mini-série, quando me enrolei com os prazos, acabamos mudando bastante coisa, e o roteiro de Shibuya foi usado somente como base. Hoje, acho que deveria ter seguido a risca o roteiro dele, que sempre fora um melhor Storyteller do que eu.

Tivemos pouco atraso entre as duas primeiras edições, e um grande atraso para as duas últimas. Dá pra notar que a edição três o desenho é um pouco melhor trabalhado...o caso é que perdi mais tempo com essa edição do que com as outras. Não acho que meu traço tenha mudado muito. Acho que foram necessárias muitas edições para que se nota-se uma forte diferença no meu desenho. No caso de Godless, penso existir muita diferença entre os quadros que dediquei mais tempo e aqueles que "chutei o pau" devido ao prazo ficar apertado. E isso acontecia de forma estranha, pois, às vezes, sabia que o prazo iria estourar e perdia tempo em certos quadros que não precisava. Às vezes, tinha muito tempo e corria com o quadro. Acho que tudo talvez fosse o caso de alguma cena me dar mais vontade de desenhar ou não. Era uma confusão (risos). Não tinha experiência alguma com a produção de uma revista mensal...

O Cassaro foi muito paciente conosco. A terceira edição é minha predileta (até onde me lembro, mas posso estar confundindo as edições), apesar da capa ser um desastre. A melhor capa pra mim é a da primeira edição.

APE – Baseado em sua experiência neste trabalho (Godless) e na sua carreira em HQ´s, diga-nos quais são os maiores desafios para se trabalhar nesta indústria no Brasil? Aproveitando a linha de raciocínio gostaria que você indicasse àqueles que estão agora fazendo seus desenhos em casa, sem as manhas e artimanhas do meio que pretendem realizar carreira, qual é o "caminho das pedras".

Eu realmente acredito que a dificuldade para se trabalhar no Brasil seja a mesma de qualquer parte do mundo. Se você nunca se esforçou pra melhorar seu traço, se não treina e desenvolve seu desenho, nenhuma editora no mundo vai te contratar. As pessoas reclamam que quadrinhos no Brasil não vão pra frente, sempre reclamaram disso, e tenho certeza que irão continuar reclamando, mas a grande verdade é que a cultura brasileira nunca abraçou os quadrinhos. Tanto é que o Mangá, muito mais recente, em pouco tempo, alcançou um prestígio muito maior do que os quadrinhos de super heróis jamais tiveram. E pode ter certeza de que vai ser passageiro. Os americanos, europeus e japoneses lêem mais do que a gente, e gostam mais de fantasia do que nós. Quantos escritores de ficção científica brasileiros você conhece?

O “caminho das pedras” é o mesmo pra qualquer profissão, pois, desenhar quadrinhos não tem nada de glamouroso, é puro sangue e suor! O cara tem que se matar pra fazer uma página por dia, às vezes, mais do que uma página por dia, que seria o ideal. As editoras são cruéis com os prazos e, se você atrasa como o pessoal diz: "a fila anda". O importante é ter isso em mente: Você não vai desenhar só quando estiver com vontade, vai ter que desenhar o tempo todo, e correr pra entregar no prazo. Se você se sentir confortável com isso, é só continuar desenhando, sem parar, montando páginas seqüenciais e enviar cópias de seus testes para os editores. Se o cara desenha o dia inteiro, é uma questão de tempo até que ele seja contratado. Hoje a coisa é ainda mais fácil com a Internet. Dá pra enviar seus trabalhos pra editoras no mundo inteiro, se seu trabalho for bom, não é possível que ninguém te contrate. Mas, é sempre importante lembrar para não tentar começar batendo logo na porta dos gigantes. Às vezes, a pessoa faz isso, recebe um não, e desiste de um sonho. Existem centenas de pequenas editoras, elas são sempre excelentes pontos de partida para a construção de uma carreira sólida.

APE – Recordo-me que, pelos idos de 92 ( 93?) no USPCON (que foi, se não me engano, o 1º evento de RPG realizado em São Paulo, e lá estava eu vendo a engrenagem começar a se mover), quando o conheci, pude analisar um desenho que você estava finalizando e me impressionou muito a qualidade e estilo do trabalho (há alguns anos-luz do que fazia), Quais foram suas principais influências artísticas em HQ´s? Há alguém que você destaque hoje?

Não me lembro ao certo que desenho era esse! Para mim, tudo começou com os desenhos animados da Marvel que traziam o traço de Jack Kirby. Até hoje, os personagens desses desenhos são meus personagens prediletos (Namor, Thor, Capitão América, Homem de Ferro e Hulk). Jack Kirby , para mim, foi o maior de todos os tempos. Outras influências foram: John Byrne, Jim Lee, Scott Campbell e outros. Faz muito tempo que não compro um gibi, estou bem defasado, mas, há alguns anos atrás, vi um gibi do Leinil Francis Yu, e fiquei muito, muito impressionado. Outro artista "novo" que gosto demais é o Travis Charest.

APE – Fale-nos de alguns profissionais de HQ´s que conheceu. Algum deles forneceu a você alguma dica que marca o seu trabalho até hoje?

Muitos. Eduardo Barreto me ensinou a virar o desenho contra a luz para ver as distorções anatômicas. O Jim Lee quando veio ao Rio também ensinou não só a mim, mas a muitas pessoas uma porção de coisas legais. Conheci nos EUA o Boris Vallejo, Julie Bell e o Bernie Wrightson, todos eles fizeram observações valiosas. Os artistas paulistanos, quase todos eles, são meus amigos, foram os maiores responsáveis pela formação do meu traço. A verdade é que grandes desenhistas sempre tem algo a ensinar, se você conhecer algum, com certeza irá aprender algo.

APE – Cada vez mais o "mangá" se torna uma influência de estilo no mercado americano e, no Brasil, há uma parcela enorme de jovens desenhistas desenhando esse estilo. Comente esse cenário. Alguns desenhistas acreditam que o estilo "mangá" prejudica a formação e lapidação de artes realmente originais. Você concorda?

Eu acredito que, quase toda forma de arte é algo maravilhoso. Claro que sempre existirá uma questão de gosto estritamente pessoal. Sempre assisti Animes, isso muito antes do "big boom" do mangá. Tenho todas as edições de Akira, aliás, Otomo (Katsuhiro Otomo, criador da série Akira) é um dos meus artistas prediletos, mas, sinceramente, o mangá é um estilo que nunca me emocionou como os quadrinhos americanos. Principalmente esse estilão mais comercial que se vê por aí. Eu concordo que a influência desse traço oriental seja prejudicial para a formação de novos talentos, mas, acho que o que prejudica são as influências de mangás de péssima qualidade, que geralmente são aqueles que atingem de frente o povão.

Outra coisa que me incomoda, também, é que a maioria dos títulos tem a mesma cara, deixando tudo muito parecido... Gostaria muito que os quadrinhos americanos influenciassem a garotada da maneira que o mangá o faz hoje. Uma inversão de papéis, para meu gosto, seria bem mais interessante. Mas, como dizem, minha geração já passou, é hora de dar caminho para outras visões.

APE – Como sabemos, a "arte seqüencial" não é feita apenas de ilustrações (ou não deveria), o fato é que, em geral, as HQ´s carecem de bons roteiros e argumentos. Quais elementos, você julga, são fundamentais para uma boa história de HQ´s (Visto que cada área como literatura, cinema, teatro, tem a sua própria estrutura e método)?

Sendo muito sincero, nunca fui muito exigente com os roteiros da histórias que lia. Talvez, por ser tão apaixonado pela arte, era sempre ela que vinha em primeiro lugar. Tanto é que nunca consegui ler "grandes roteiros" com desenhos "mais ou menos". Sempre me diverti com os gibis, contato que a arte fosse legal. Acho que, de certa forma, isso até me fez ler coisas que outros leitores nunca leriam, que até pudessem gostar, mas nunca deram essa chance. Por isso, acho que nesse aspecto (arte) eu poderia opinar. Acho que todo desenhista, arte finalista, letrista e colorista devem possuir influências, mas nunca repetir uma fórmula. É necessário encontrar seu próprio caminho, algo nada fácil, mas uma vez encontrado, é o caminho da mina. Goya dizia pra sua filha, aspirante das artes: "Mesmo que seu trabalho seja uma porcaria, faça a SUA porcaria". Existem muitas histórias no mercado que seguem um "padrão", e uma vez que o leitor identifica esse padrão, sabe que aquilo é uma fórmula, e não tem alma nenhuma. É bonito ver que a pessoa sabe escrever, sabe a fórmula e a aplica com maestria, mas não é pessoal, não tem emoção. Siga seu próprio caminho.

APE – Quais fatores externos podem determinar se o(a) garoto(a), brasileiro(a), que sonha escrever e desenhar seus personagens favoritos irá realizar seu objetivo? Na sua perspectiva, os mercados estrangeiros podem se render ao talento, propriamente dito(já aconteceu com alguns de nossos artistas), ou é difícil superar o preconceito com artistas "tupiniquins" (em maior escala) ? Qual é a chance, em todo o caso, de criarmos um forte mercado alternativo ao americano tais como o europeu e o japonês?

Artistas como Ivan Reis provam que isso não existe. Ele é um dos astros principais da DC hoje e, inclusive, pode ESCOLHER o título que queria desenhar. Muita gente deve pensar: “Pôxa, mas é um caso isolado”! Sim, é um caso isolado, por que não há quase nenhum outro artista brasileiro que tenha se dedicado e aprendido a ser tão disciplinado e metódico como Ivan Reis, e é essa determinação que transformou o traço dele.

Se todos tivessem a mesma determinação e disciplina, teríamos mais brasileiros na situação do Ivan, um mestre que não deve nada aos gringos. Acho que a chance de haver um mercado independente ou alternativo brasileiro é muito pequena. Os fatores que influenciam para que isso aconteça são muitos, e o maior problema, ao meu ver, é a falta de interesse que o brasileiro tem pela leitura, e aqueles que gostam de ler, a falta de interesse pelos quadrinhos. É impossível crescer se só vendemos os títulos para os mesmos nerds de sempre (me inclua na lista).

APE – Falemos do futuro. Numa auto – análise de sua trajetória na indústria das HQ´s e fora dela, quais são suas perspectivas e objetivos? Em que sentido você pressente e planeja a evolução de sua arte?

Desisti de desenhar quadrinhos ha quatro anos atrás, pois, comecei a pintar e a me interessar por cor, algo que nunca havia feito. Cheguei a conclusão que a vida numa prancheta, tentando terminar, freneticamente, uma página por dia não era pra mim. Não tenho paciência, velocidade e os desenhos acabam ficando grotescos, quando isso acontece, não gosto do meu trabalho, e aí não vale mais a pena.

Depois de anos parado, achei o máximo poder fazer uma pintura numa tela, pois você pode se concentrar em somente um desenho durante dias, ou meses. Retomei meus estudos e atualmente continuo estudando para terminar minha graduação em Artes Plásticas. Estou montando um estúdio que funcionara, também, como escola de pintura figurativa. Tenho ainda me interessado pelo estudo e produção de materiais artísticos históricos, e procuro recriar os materiais usados na pintura européia da idade média. Basicamente, é isso! Estou envolvido com toda essa pesquisa histórica da pintura. Pra onde isso vai, eu realmente, não posso afirmar, mas tem sido um imenso prazer.

APE – Enfim, gostaria de agradecer por esta entrevista, desejando a melhor sorte, e pedindo seu comentário final aos visitantes da PANACÉIA ESSENCIAL, entre os quais muitos fãs de HQ´s e aspirantes a futuros profissionais da área.

Agradeço a Panacéia Essencial, continuarei a visitar para ler as matérias! Para os futuros profissionais: Não tentem somente ser a próxima estrela dos quadrinhos, desenhem unicamente pelo prazer de desenhar e vocês chegarão lá!

"Choose only one master.. Nature."(Rembrandt Van Rijn

"Have no fear of perfection, you'll never reach it. " (Salvador Dalí)

Abraço a todos!!!

Alex Sunder

terça-feira

Godless


Godless é o nome dado a uma minissérie em quatro edições publicada na década de noventa pela Editora Trama. O título, escrito por William Shibuya e Márcio Alex Sunder,desenhado por Alex Sunder, e colorizado por Alexandre Jubran, figura-se como uma das primeiras iniciativas da editora no mercado dos quadrinhos, ao lado de U.F.O Team. 

Na época, houve uma grande expectativa e entusiasmo porque se tratava de uma proposta ousada por parte da editora: produzir HQ´s nacionais com alto padrão de qualidade técnica (formato, papel, colorização), que se aproximasse do melhor produzido no mercado americano ( os trabalhos da Image, nestes termos, estavam no topo, naquele momento).

Pude assistir a todo o processo de maneira privilegiada, pois, conhecia pessoalmente os autores (Shibuya, Alex Sunder), o que tornou possível ver o roteiro (muito interessante) e pude conseguir uma entrevista para a caderno cultural “Mania” que produzia na época. Este roteiro inicial que li acabaria se tornando uma linha de base sobre a qual foi inserida novos argumentos, a arte de Alex Sunder teve momentos brilhantes e a colorização de Jubran nada ficou a dever as HQ´s estrangeiras.

O roteiro tratava de um mundo pós-apocaliptico em que, após o caos, erigiu-se uma nova ordem que unia governo e religião. No entanto, distantes de qualquer anseio altruístico, estes novos líderes desejavam o controle absoluto de mentes e almas em proveito próprio. Estabelecendo uma ditadura administrativa, militar e filosófica distorceram e remodelaram a influência dos conceitos religiosos de acordo a seus interesses para retirar das pessoas o pensamento crítico e o livre arbítrio. Esta elite passa a se autodenominar os DOUTRINANTES.

Diante dessas circunstâncias dois outros grupos se formam e se rebelam: os TECNOCRATAS que lutavam pelo renascimento da lógica, da Ciência e tecnologia (supostamente banida pelos Doutrinantes por ter sido a causadora da hecatombe que levou o mundo ao abismo), e os RENEGADOS que lutavam para que não morressem as expressões culturais, artísticas e filosóficas geradas pelo livre pensamento (também banida pelos Doutrinantes que desejavam o domínio sobre as massas o que necessariamente passa pela aniquilação da cultura e da filosofia) materializadas na literatura, música, arte e outros.

A luta entre essas facções (Ainda que, de certa forma, Tecnocratas e Renegados fossem “forçados” a uma aliança, com ressalvas, é claro.) é o pano de fundo da história que revela a existência de um anjo chamado MITZRAEL e um demônio de nome ACHERON. Ora, a existência de tais seres coloca as ações em outro patamar obrigando as facções a tentar compreender como devem se utilizar ou não destes seres e do que eles representam. Qual é a verdade e a mentira relativa a toda história que conhecem? O que deve ser feito? O enredo obteve sucesso junto ao público que aprovou a minissérie e a tornou um marco inicial importante para que outros trabalhos do gênero tivessem impulso para se lançarem no mercado.

Como curiosidade vale lembrar que a terceira edição teve um postêr de Roger Cruz com os personagens Mitzrael, Acheron e a renegada Crysallis.

Pessoalmente, lamento apenas que este universo não tenha continuado. Com certeza, havia muito mais a ser explorado e esses personagens tinham muito a oferecer.

sexta-feira

Entrevista com ROBERTO SEIXAS

Um verdadeiro artista, acredito, sente-se imbuído da missão de comunicar sua arte. E esta missão é encarada com humildade em toda a sua trajetória, pois sabe quem é e a sua importância, sem necessidade de se sentir superior ou jactar superioridade o que, na verdade, esconde insegurança. É por isso, que tenho em alta conta meu amigo ROBERTO SEIXAS, um artista que faz um trabalho sensacional como cover de RAUL SEIXAS e também através de sua própria arte, e não obstante é um artista acessível que nunca deixa de se comunicar com seu público e em sua humildade – marca do verdadeiro artista – sempre trata todos os fãs como amigos e que honra a todos nós abrindo a “ PANACÉIA DAS ENTREVISTAS”. Com vocês, ROBERTO SEIXAS

A PANACÉIA ESSENCIAL - Falemos de processo artístico, ideologia e composição. No que sua obra artística tem influência de Raul Seixas e em qual característica se diferencia dela?

ROBERTO SEIXAS: Bem, em termos de IDEOLOGIA, em tudo, ok. Mas, a minha música foi classificada como ROCK RURAL AMERICANO, talvez pode ser a diferença, mas, são os fãs que determinam isto, entendeu? São eles que irão determinar qual a linha, porque, para mim, é uma coisa a partir do momento que você grava uma música ou um CD ele passa a ser PÚBLICO e não seu, entendeu? Mas, penso que as demais respostas estão na pergunta abaixo, ok?

APE - Como todo artista, você possui influências das informações que recebe e processa em arte segundo sua ótica, dito isto, quais são, além de Raul, as outras influências que fazem parte do trabalho do Roberto?

RS: Bem, acredito eu que, como todo artista, buscamos na música as nossas informações para criarmos, compor, ou seja, ouço de tudo entendeu? Mas, as minhas influências musicais são: BUDDY GUY (meu ídolo maior na música, bluesman); JOHN FOGERTY (ex-Creedence ); ELVIS ( como intérprete e performance no palco ) etc. Agora, no Brasil que tanto amo, tenho o meu amigo BELCHIOR ( pra caramba, viu? ); ZÉ GERALDO, DENY&DINO(aonde em 75 quis formar uma dupla cover deles, é mole, lembra-se de CORUJA!!!), mas, cresci ouvindo ROBERTO CARLOS, ERASMO CARLOS ( este é Rocker puro ) entre outros amigos, tipo PAULÃO ( banda “AS VELHAS VIRGENS” o qual dividiu o vocal em uma música minha chamada "Mr. Boom da canção" ), meu brother Johnny Boy ( o qual tive o privilégio e prazer de grava-lo em meu último CD ); enfim, vários amigos músicos que muito me influenciaram, ok? Bem, além do meu GRANDE IRMÃO, MESTRE ESPIRITUAL E IDEOLÓGICO RAUL SEIXAS.

APE - Fale-nos sobre seu último trabalho e o que pretende transmitir através dele.

RS: Pois é, como falei, quando criamos algo, quando compomos um CD, esperamos que ele seja bem aceito pelo público, que aquilo que escrevemos seja compreendido, entendeu? Por exemplo: Na música “MR BOOM DA CANÇÃO” (ouvi-la no meu www.myspace.com/robertoseixas ) aonde tenho o prazer e privilégio de dividir o vocal desta música com meu brother PAULÃO ( banda “AS VELHAS VIRGENS” ) é um pouco de tudo aquilo que estamos atravessando no cenário musical, ou seja, caraca, você perde espaço para uma coisa chamada CRÉUU entre outras bicho, porra, tantas bandas boas por aí e que não tem espaço assim como eu de mostrar uma boa música, cara, é triste ver uma merda desta tocando em todo lugar, e tem gente que contrata, entendeu? Como diz Raulzito:" FALTA DE CULTURA PRA CUSPIR NA ESTRUTURA "

APE - Seu show é muito intenso, bastante emocional para os fãs de Raul Seixas. Para você, em cima do palco, qual é o sentimento? Existe alguma canção que te provoca a catarse, o ápice, tipo: "Atingi o meu objetivo, o público está na sintonia!"?

RS: Brother, quando estou em cima do palco, não procuro imitar Raulzito como tantos outros por ai, penso que o público está carente de um bom show, de um ótimo espetáculo, eu sou um artista, procuro cantar, claro, além de Raulzito, algumas coisas diferentes em meus shows, como te falei eu tenho ELVIS como um grande intérprete e postura de palco incrível, entendeu? Tenho num Buddy Guy uma interpretação fantástica e carismática com o público, então, procuro UNIR ESSES DOIS em cima dos palcos e passar para o público carente de espetáculo, entendeu, não sou um artista estátuas boys, penso que é isto que me diferenciou dos demais. Porém, quando interpreto AVE MARIA DA RUA ( de Raulzito ) acredito que aí sim, claro, quando consigo canta-la bem, pois, é muito difícil interpretá-la, entendeu, isso lá pela quinta música do show, aí sim, sinto que de fato atingi o meu objetivo junto ao público, é uma sintonia só.

APE - Você conheceu Raul? Nos transmita sua impressão pessoal dele. Fico curioso em saber se ele era, de fato, alguém que valorizava os fãs, as pessoas em geral, ou se não, se era arrogante nesse sentido.

RS : Brother, infelizmente não conheci Raulzito de perto, não que isto não fosse possível, pois, na época em que ainda vivo, o Sylvio Passos ( pres. do Raul Rock Club ) quis me levar várias vezes até a casa de Raulzito, mas preferi que não, entendeu, ( algo pessoal ) mesmo sabendo depois que Raulzito aprovava meu trabalho como único sósia dele, entendeu, e também sabedor que ele ( Raulzito ) queira subir no palco comigo para saber o que os fãs iriam achar, entendeu, penso que devido a tudo isto sobre Raulzito gostar de Roberto Seixas, é que a família em 1991 me deu uma AUTORIZAÇÃO E RECONHECEU EM CARTÓRIO O MEU SOBRENOME SEIXAS. Quanto aos fãs, na verdade Raulzito amava e muito,entendeu, porém posso te garantir que naquela época Raulzito era mais povão, entendeu, tipo parar num boteco qualquer, sentar e ficar tomando umas e outras como mais simples possível. Ele dividia, de fato, que tinha, entendeu, sempre foi e sempre será muito humano esse MOLEQUE MARAVILHOSO chamado RAUL SEIXAS!

APE - Seria interessante saber de você, sua opinião sobre Paulo Coelho. O que você pensa dele?

RS: Bem, penso o seguinte: É muito fácil você tecer criticas a uma pessoa sem conhece-la de perto, entendeu, penso que os mais íntimos TIPO RAUL SEIXAS e alguns que, de fato, conviveram com ele p dia a dia é que poderiam falar algo, tá certo? Porque todos nós temos os nossos defeitos e acertos, PAULO COELHO também tem os deles assim como tenho os meus,mas, não posso falar algo contra ele, sem conhecê-lo de perto, ok, se ele está aí fazendo hoje tudo isto, é porque tem seus méritos, tá certo? Outro exemplo: MARCELO NOVA que também é criticado, ok, mas por quê? Se a maioria das parcerias tem seus prós e contra!!! Aliás, o próprio Raulzito já disse isto em sua musica: "É sempre mais fácil achar que a culpa é dos outros, evita um aperto de mão de um possível aliado"( na música “Por quem os sinos dobram” ).

APE - Gostaria de agradecer, e muito, por esta entrevista ao caro amigo Roberto Seixas! E, pedir que deixe uma mensagem aos visitantes da Panacéia Essencial.

RS: Olha,sou eu quem agradece,viu, é sempre um prazer poder falar um pouco de ROBERTO SEIXAS, deixo aqui um grande abraço a minha querida IBIÚNA, tá certo, que sempre me recebeu bem e aonde tenho muitos amigos. Mas, ao deixar esta mensagem a seu pedido, quero mais uma vez me utilizar de Raul, porque penso que esta música diz tudo sobre esta entrevista também ( “Por quem os sinos dobram” ):

"NUNCA SE VENCE UMA GUERRA LUTANDO SOZINHO, VOCÊ SABE QUE A GENTE PRECISA ENTRAR EM CONTATO"

Porém, uma frase da Sociedade Alternativa para você e a todos que assim crer:

SUCESSO É A SUA PROVA, então que assim seja!

ROBERTO SEIXAS

terça-feira

Roberto Seixas

Raul Seixas! Em sã consciência é difícil não admirar o trabalho do “Maluco Beleza” (embora, eu tenha reservas quanto a sua filosofia espiritual), uma obra inteligente, crítica, bem-humorada, irônica, sempre relevante e atemporal.

Porém, falarei sobre Raul, em um outro momento, mesmo porque muito já foi colocado sobre a genialidade deste artista.

É sobre o trabalho de Roberto Seixas que trato aqui. Segundo site oficial esta é a história de Roberto:

Roberto Seixas, nascido em Americana/SP, compositor e intérprete, além de Sósia e cover de Raul Seixas tendo ao longo desse tempo gravado QUATRO cds, todos eles com Composições próprias. Nos palcos Roberto Seixas revive ao longo desses 20 anos Os melhores momentos do saudoso Maluco Beleza, Raul Seixas.

Essa continuidade na ideologia de RAUL SEIXAS, recebeu o aval de Dona MARIA EUGÊNIA SEIXAS, mãe de RAUL que constantemente se correspondia com Roberto Seixas e que o chamava carinhosamente de Filho. Como fruto desse relacionamento, Roberto Seixas recebeu várias letras inéditas de RAUL SEIXAS, sendo que duas delas já fazem parte de seu trabalho como músico compositor.

Pois bem, com a morte de Raul em 1989, ficou para mim, a frustração de não poder ter assistido aos shows (Vim a descobrir Raul Seixas MESMO em 1991), mas eis que por volta de 1995 (creio) tive a oportunidade de assistir pela primeira vez uma magistral apresentação de Roberto Seixas. É claro que Roberto não é Raul, mas se faz ferramenta de transmissão de todo o cabedal filosófico-artístico deste artista que ele, Roberto, embora tenha sua própria arte e composição, faz questão de manter vivo, pois obviamente o admira como qualquer fã, mas tem a possibilidade de materializar seu ídolo através de si mesmo.

Tive a feliz oportunidade de assistir a mais duas apresentações de Roberto, uma especialmente marcante pois conheci minha esposa (também fã de Raul, é claro), e tivemos oportunidade de tirar fotos com Roberto e ganhar uma entrevista para o fanzine que realizava , na época, com amigos: o “Lúdico Ditado”.

Outra apresentação , eu e minha esposa, já casados, comemorando felizes em um show de Roberto em que, justamente, havíamos nos conhecido tempos atrás. E este show foi fantástico, com um público maior e especialmente animado e envolvido.

E, acreditem: Roberto estava “possuído” por Raul Seixas e fez, para mim, o melhor show dos que pude presenciar, visto que com sua semelhança física e vocal inigualável nos fez crer, em vários momentos, que Raul havia aportado por ali, naquele palco, cantando e por vezes, vociferando sua música e ideologia. Espargindo sua energia pelo ambiente desafiando os monolitos do pensamento pedante e ou conformista.

O trabalho de Roberto Seixas é uma homenagem sincera e de qualidade ao tributo de Raul Seixas, se tiverem possibilidade não percam seus shows. Para iniciados e neófitos em Raul Seixas trata-se oportunidade mais do que recomendável, diria eu, quase obrigatória.

Leiam Entrevista Exclusiva na Panacéia das Entrevistas!

quarta-feira

Russo


Russo é um músico autodidata que procura resgatar em seu trabalho as influências musicais (Jazz, Rock, Country Americano e Blues), e de estilo (Hippie )dos anos 70.

A primeira vez que vi seu trabalho foi em uma entrevista no Programa do Jô e fiquei impressionado com a sincronia e competência de sua execução musical. Cantando, tocando guitarra, gaita e meia-lua (no pé, marcando ritmo) apresentou canções do Led Zeppelin, Hendrix, Janis Joplin e o melhor (no que me concerne) dos Beatles, entre outras.

É impressionante a sua imitação de Janis Joplin, é quase possível pressenti-la ali, na apresentação com o músico em toda a sua entrega e energia. É quase um caso de possessão artística, no melhor sentido. Sua execução precisa e fiel aos grandes clássicos demonstra o respeito que ele oferece aos trabalhos que apresenta, um fator importante que sem dúvida agrada aos fãs.

Não obstante o ótimo trabalho Russo é uma “figura” sensacional em si. Alguém que, indiferente a modismos e opiniões, foi atrás de seu próprio sonho. E a qualidade de seu trabalho atesta que ele fez uma feliz opção para ele e para o seu público.

O endereço do site oficial é: http://www.russosite.com/ e-mail: russosite@russosite.com
Considero este um trabalho divertido e bem feito. Vale a pena conhecer.