Panacéia dos Amigos

segunda-feira

A xícara




Absorvi este conhecimento da sabedoria oriental. Tentem visualizar uma xícara cheia até a borda de café. Este café está lá há dias e, portanto trata-se um café frio e bastante desagradável. Um novo café é preparado, mas a xícara não é esvaziada e mesmo assim tenta-se colocar o café recém-feito nela. Você pode imaginar o resultado a xícara transbordou, o antigo café ocupava o espaço e muito do novo se perdeu, um tanto se misturou e o que ficou na xícara não era mais o café novo, nem o velho, era caos dentro e desperdício fora da xícara.

Pois bem, agora que você visualizou a cena vamos expandir o alcance da imagem para o seu mundo interior. Quantas vezes uma idéia nova demorou em ser aceita por você? Quantas vezes uma nova possibilidade que você apresentava mal era ouvida e já recusada pelos outros? Já notou quando você simplesmente é o que é, e não está disposto a “complicar”? Você não quer nem “pensar” no assunto! Você provavelmente está com a xícara cheia.

Temos pensamentos e posturas que fazem parte de nossos ideais, e conosco permanecem, mas é preciso renovar e não estagnar nossa capacidade de pensar. É necessário esvaziar a xícara. Observe com atenção: quando foi a última vez que você olhou para o céu em um dia de sol e se impressionou com a beleza de seu azul? Há muito tempo esta idéia nem lhe ocorre? É porque sua xícara mental já está cheia. Cheia de serviço, rotina, coisas para fazer.

Quando foi a última vez que você se sentou para pensar em si, em quem é e o que pode fazer. Quando foi que sentiu prazer em uma boa conversa? Tem sido difícil, tenso, indigesto? É porque sua xícara está cheia e tudo de novo que tenta vir para você se mistura com as velhas idéias deixando tudo com meio sabor de uma quase possibilidade nova que não chega a acontecer. E a estagnação é um passo na direção da amargura. Você deve esvaziar a xícara.

A xícara cheia é uma imagem que representa o papel da dependência no comodismo. Você fica auto - indulgente com a própria inércia, satisfeito com o caminho conhecido e não abre as janelas de sua mente para respirar o ar da manhã do pensamento, nem esvazia a xícara para receber um café de idéias preparado na hora. Sua xícara está cheia, nada a preenche exceto o que já está lá: um conteúdo velho, frio e que causa mal-estar.

Existe uma profunda tristeza quando os bons momentos passam despercebidos porque não há em nós espaço para eles. Assim, muito do que poderia renovar sua coragem, esperança e força não invadem sua mente, simplesmente transbordam para fora.  Avalie, neste momento, o quanto este texto flui para você ou transborda e responda para si mesmo com sinceridade: você já esvaziou sua xícara hoje?