Panacéia dos Amigos

quinta-feira

Sem Cera



Não há futuro sem raízes no passado. Por este motivo sempre apreciei o estudo e análise da história. Interessa-me compreender a origem de nossa trajetória, afinal, muito da “obscuridade” que vivenciamos recebe uma singular perspectiva quando exposta à luz do entendimento histórico. Dentro deste interesse um assunto muito curioso é o da origem das palavras o que nos leva ao tema deste artigo: “Sem cera”.

No passado, alguns escultores escondiam os defeitos de suas obras utilizando cera. Era um ato desonesto e condenável. Em contrapartida, artistas que não usavam tal subterfúgio alegavam a qualidade de suas obras “sem cera”, o que acabou com o passar do tempo sendo a origem de nosso termo “sincera”.

Esta nota histórica é interessante e nos leva à reflexão se expandirmos esta cena para um novo entendimento. O quanto agimos como os desonestos escultores, quantas vezes deixamos de ser uma obra “sem cera”? Oportunamente em um artigo anterior chamado “Tente outra vez”, coloquei alguns pontos sobre a necessidade da sinceridade interior, mas, este assunto não se esgota e sabe por quê?

Porque podemos nos enganar. Porque talvez inconscientemente estejamos camuflando nossos defeitos na cera da auto-indulgência. Na cera da aceitação. E esta cera está presente em nossos pensamentos, sentimentos e ações mesmo quando não sabemos conscientemente que estamos nos sabotando, enganando nossa percepção sobre nós mesmos.

Uma canção chamada “Beautiful Day” (Lindo dia) da banda irlandesa U2 diz em um determinado momento: “O que você não sabe, pode sentir de algum modo”. Esta afirmação é inspirada e perfeita. Se você não sabe o quê, mas algo incomoda em seu íntimo. Se você não entende, mas pode sentir, é o momento de se aprofundar em si, e buscar a cera que tem encoberto suas dúvidas, tristezas e defeitos que impedem que a obra de sua vida seja perfeita ou ao menos “sem cera”.

Embora seja um caminho sinuoso e árido, ele é fundamental. Persista, vá em frente! A melhor escultura da nossa vida não é uma questão de beleza da forma e sim do quão sem cera (sincera) ela é..

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