Panacéia dos Amigos

terça-feira

Britpop - A terceira invasão


Britpop amado e odiado. Além das questões que permeiam os motivos de uns e outros o que posso afirmar quanto a mim é que foi o único movimento (curto, por sinal) que melhor acompanhei e curti até aqui e portanto tem lá um lugar especial em minhas memórias.


Especialmente quando bandas daquele movimento são reinscensadas de tempos em tempos e ficamos como aqueles “velhos” dos anos 60, pensando “eu vivi o frescor de tudo isso”, pois é, papo de velho. Quem é velho?



 Bob Cuspe - AnGelinial

Revisitando o que pude ver, o que aconteceu foi que eu não entendi claramente o punk, porque era garoto e máxima referência da época foi ler meu punk favorito Bob Cuspe de Angeli. 

 


Não entendi New Romantics e a New Wave, porque era garoto e quem não era, não entendeu também, era para entender, por acaso?



Guns, Bon Jovi, Poison e all this kind of trash, e sei lá mais o quê, desta época eu passei longe porque estava ouvindo os anos 50, 60 e 70, muito melhores por sinal.


Passei ao largo do famigerado Grunge também, que admito, foi bom para chacoalhar a poeira tanto quanto o punk, mas é isso, um chacoalho tão fundamental quanto simples em sua essência. Na época eu estava ouvindo sons mais estranhos. Rock Progressivo, Folk Irlândes, Trilhas Sonoras, Música Clássica, World Music...eu realmente não estava atrás do impacto do grunge. Era outro momento. E na verdade, não gostei na época e gosto menos ainda hoje em dia.



O fosso entre a morte do grunge e o surgimento do Britpop, eu nem pude notar além de nada de interessante pela frente já que o U2 estava cada vez mais...estranho e os Cranberries eram bacanas até se ouvir 4 músicas seguidas...não havia muito por onde ir, nessa fase me afundei no maravilhoso mundo da MPB e Bossa Nova, e diga-se estou lá até hoje. Mas, no meio de tudo aquilo, eu sentia falta de um movimento que me agradasse, não precisava ser perfeito, mas eu queria encontrar um pouco da emoção de curtir uma banda, aguardar o próximo disco e quem sabe ( o que parecia impossível) assistir um show. E aí que veio o Britpop.



Em uma explicação didática o Britpop é um movimento surgido na década de 1990, que toca músicas de rock com arranjos tipicamente radiofônicos. O termo é uma abreviação de "British Pop", ou seja, música popular britânica (a definição inclui grupos surgidos no Reino Unido e na Irlanda). Assim, rigorosamente, seria considerado "britpop" todo tipo de música pop produzida por artistas do Reino Unido e Irlanda, como Robbie Williams, Dido e as Spice Girls. Entretanto, o termo é aplicado especificamente a bandas de rock'n'roll e suas músicas e, embora identificado por um nome único, o termo "BritPop" inclui grupos de estilos e ritmos extremamente variados.
Músicos de BritPop, em geral, têm muita influência dos Beatles, Pink Floyd,,The Rolling Stones The Who, The Kinks, The Small Faces e Stone Roses.

 

Os dois maiores grupos eram Blur e Oasis. Os líderes destas duas bandas — respectivamente Damon Albarn e os Irmãos Gallagher — tornaram-se notórios por protagonizarem uma rivalidade de estética e de liderança. 


 

Oasis
Então, era tudo muito interessante para mim porque eram bandas formadas por músicos que amavam as mesmas bandas antigas que eu mesmo gostava. Até a rivalidade The Beatles X Stones foi divertidamente levantada por pouco tempo com Oasis e Blur. Era um simulacro, mas era divertido. No mais, a minha identificação era que se eu fosse britânico e soubesse tocar alguma coisa certamente teria criado uma banda como o Oasis. Eu me sentia como se observasse amigos músicos se divertindo, as influências eram comuns e as músicas que eles faziam era as que eu gostaria de fazer e certamente estava gostando de ouvir.

Blur X Oasis

E além disso, eram várias bandas, várias. Tinha muita música para se descobrir, muita coisa legal para ouvir, muitos bons discos. Foi um movimento bastante rico e com material bem interessante. O Radiohead e o The Verve traziam uma espécie de culto depressivo e poética pessimista; e a parte feminina representada pelo Elastica, com forte influência do new wave dos anos 70. Por outro lado, o estilo de vida cosmopolita, sintético e "metrossexual" era simbolizado por bandas como Suede, Pulp e Placebo, numa reedição da estética rave de Manchester na década anterior. E ainda havia bandas como Gene, The Charlatans, Kula Shaker e Supergrass. Outras bandas BritPop tiveram início como "bandas de garagem", influenciadas pelo punk dos anos 70, como Muse, Ash e Idlewild, e depois suavizaram seus acordes e batidas para atingir um público mais amplo..

Suede

Pulp

Kula Shaker
The Charlatans

Em 97 acompanhei a chegada entusiasmante de “Ok, Computer”, o “Sargeant Pepper´s” do movimento dando marco zero o que alguns chamaram de “Space Rock”, e ficávamos lá “que som é este?” “O que eles fizeram?”. Também foi lançado "Coming Up",do Suede , "In It For Money" do Supergrass e o “Be Here Now” do Oasis. Hoje, este cd não é apreciado nem pelo Noel Gallagher, mas na época, acompanhei cada passo da gestação e em 98 quando vieram ao Brasil pela primeira vez, eu estava lá! Foi muito marcante. Ao final do show, o primeiro em que vi músicos britânicos tocando o novo e velho bom rock inglês, eles tocaram “I am the Walrus” dos Beatles, o que se pode dizer? Eu vi pai emocionado com a camiseta dos Beatles abraçado com filho com a camiseta do Oasis, para mim, essa era a essência do Britpop, um movimento que bebia do melhor e se divertia fazendo música com essa influência.. 


 
 Be Here Now

A partir de 1998, surgem novas bandas que de certa forma repetem a rivalidade entre Blur e Oasis, principalmente a dupla Travis e Coldplay, abusando de pianos e cordas e por vezes dispensando guitarra elétrica. Nesta linha "romântica" e altamente radiofônica, também seguem os grupos Keane e Snow Patrol, entre outros. Foi aonde parei porque o Britpop como eu achava bacana começou a morrer e era rechaçado pelos próprios protagonistas. Nenhuma dessas bandas pós – 98 me agradou especialmente por um disco inteiro.

Nos anos de 2004 e 2005, o gênero recebe novo fôlego com o aparecimento de releituras do punk (como feito pelos Libertines, Arctic Monkeys, Kaiser Chiefs), do glam (Franz Ferdinand, Klaxons) e de bandas inspiradas pelo sucesso do New Order nos anos 80, como Bloc Party, Maxïmo Park, The Rapture e Editors. Além destas, destaca-se The Killers que, apesar de ser da cidade norte-americana de Las Vegas, não esconde a fortíssima influência das bandas BritPop.

Porém, o que me interessava no Britpop era a releitura dos anos 60 e 70, este novo Britpop que navega além disso deixa de ser, para mim o movimento que me interessou. Eu nem consigo ouvir estas bandas. Mas, ficam as boas lembranças de ter um curtido um movimento em seu auge e ter algumas histórias para contar..

Os discos mais importantes do movimento

Diferente de outras cenas, uma característica marcante do britpop foi o fato de que seus principais expoentes não eram assim tão parecidos uns com os outros. Mas, embora cada uma dessas bandas tenha seus méritos, nenhuma chegou tão alto ou foi tão influente quanto as cinco ali embaixo. Afinal, podemos dizer que foram essas que, em 1994, detonaram o movimento que roubou dos Estados Unidos – de novo – o posto de cenário mais relevante e inovador para o rock.

Parklife (Blur) – Se o britpop tivesse que comemorar oficialmente seu aniversário, a data seria 25 de abril. Foi nesse dia que o Blur, uma banda até então mediana e já com dois discos no currículo, lançou Parklife. E, no pacote, um novo jeito de se vestir, dançar e até falar. Muita gente torceu o nariz para o filhinho de papai Damon Albarn posando de representante da classe trabalhadora e forçando um sotaque cockney, mas das músicas ninguém reclamou. Pelo contrário. Girls & Boys, Country House e Parklife ajudaram o disco a estrear direto em primeiro lugar e a permanecer por 90 semanas nas paradas inglesas.

Definitely Maybe (Oasis) – A grande pedra no sapato do Blur chegou em 30 de agosto. Tudo bem que as provocações na imprensa, as declarações polêmicas e a tosquice do vocalista Liam Gallagher ajudaram no marketing, mas o disco de estréia do Oasis é mesmo genial. Obcecados pelos Beatles, os irmãos Gallagher conseguiram unir melodias e guitarras aceleradas com perfeição. Se o Blur representava o lado mais pop e ensolarado da nova cena, o Oasis assumiu a porção bebum com o maior orgulho. E deu certo: no ano seguinte veio (What’s the Story) Morning Glory?, o quarto disco mais vendido na história no Reino Unido, com absurdos 14 discos de platina. Só pra situar: Thriller, de Michael Jackson, é apenas o sétimo dessa lista.

His’n’Hers (Pulp) – A guinada pop de Jarvis Cocker, um esforçado sujeito que tentava emplacar desde 1983, foi a melhor coisa que ele fez na vida. Autor de algumas das letras mais cinicamente inteligentes de todos os tempos, foi no disco de 1994 que ele encontrou o equilíbrio: largou seus resquícios mais obscuros e entrou de cabeça no (bom) pop. O resultado foram dois clássicos instantâneos: Babies e Do You Remember the First Time?, que explodiram nas pistas e prepararam terreno para a consagração definitiva. Em 1995, veio o ainda melhor Different Class, com hits como Disco 2000 e o grande hino oficial do britpop, Common People.

Dog Man Star (Suede) – Se já existiam os representantes pop, da boemia e do cinismo, faltava ao britpop um toque de sofisticação. E o papel coube ao Suede, que já tinha sido chamado pela Melody Maker de “a melhor nova banda na Inglaterra” antes mesmo de ter qualquer single lançado, e que, um ano antes, tinha apresentado um elogiado disco de estreia. Mas 1994 foi um ano complicado. Em meio a um conflito interno que culminou com a saída do guitarrista Bernard Butler, a banda gravou e lançou um disco muito menos pop, com músicas longas e elaboradas, com direito até a uma participação de 72 membros da Orquestra Sinfônica de Londres. O resultado surpreendeu e até hoje faz com que alguns hesitem em incluir a banda na lista do britpop. Seja como for, todo mundo tem que admitir que não é qualquer um que consegue uma sequência como We Are the Pigs, Heroine e Wild Ones.

Elastica (Elastica) – Justine Frischmann fazia parte da formação original do Suede. Mas, quando começou a trair o namorado Brett Anderson com Damon Albarn, do Blur, achou de bom tom deixar o grupo. E foi melhor para todo mundo, inclusive para os fãs do britpop, já que ela acabou criando sua própria banda. Em 1994, o Elastica se consagrou com o single Connection, da introdução descaradamente chupinhada de uma música do Wire (Three Girl Rumba, para quem ficou curioso).O primeiro disco da banda foi lançado em 1995, com uma capa claramente inspirada nos Ramones, outra das influências assumidas, ao lado de Blondie e Stranglers. Na época, a imprensa inglesa tentou colar um rótulo novo, o tal new wave of the new wave, mas não pegou. Ironicamente, o lado mais “macho” do britpop foi representado por uma banda com três mulheres em sua formação.

Fonte: Sites da Internet, eu mesmo e site "Virgula".

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