Panacéia dos Amigos

terça-feira

Marillion

Em 1995, fui apresentado ao Marillion através de uma fita de vídeo gravada com alguns clipes (Se você não é desta geração esclareço que nós assistíamos programas e mais programas e acionarmos o “Rec” para gravar os clips favoritos, ou precisávamos de dois aparelhos de vídeo para gravar de uma fita para outra, naquele tempo informação dava trabalho) começando pela segunda fase da banda com Hogarth e depois a primeira fase com o mítico “Fish”. Ao lado de Belly, o Marillion foi a minha banda favorita do ano inteiro.

A banda foi formada em 1979, originalmente como Silmarillion, uma referência ao livro de J.R.R. Tolkien Silmarillion. O nome foi encurtado em 1980 após ameaças de ações legais contra a propriedade intelectual do nome criado por Tolkien. Os primeiro trabalhos do Marillion continham as letras poéticas e introspectivas de Fish, moldados com arranjos musicais complexos e sutis, refletindo as influências claras da banda com o rock progressivo, especialmente de bandas como Genesis, Van der Graaf Generator, Rush (principalmente na fase dos anos 1970) e Yes.

Lançaram seu primeiro single em 1982, Market Square Heroes no lado A, e que continha o épico Grendel, de 17min., no lado B. Em 1983 a banda lançou seu primeiro álbum, Script for a Jester's Tear. Apesar do clima sombrio do disco em si, o álbum surpreende pelos instrumentais bem trabalhados e pela intensidade de sua concepção musical. Para os fãs de rock progressivo mais aficionados, este foi o melhor álbum. A crítica o considera uma referência para todo o gênero progressivo. O segundo álbum, Fugazi (1984), foi construído sobre o sucesso do primeiro álbum e com uma nítida influência de música eletrônica. Lançaram então em novembro de 1984 seu primeiro álbum ao vivo, Real to Reel.

O terceiro álbum Misplaced Childhood, de 1985, foi o mais bem sucedido comercialmente da banda. O álbum Clutching at Straws (1987) reforçou o apelo mais melódico dos dois discos predecessores e lidou com temas como o excesso, alcoolismo e a vida na estrada, representando a rotina da banda em suas turnês, o que também acabou resultando na saída de Fish da banda, partindo este para a carreira solo. A perda do líder deixou uma grande marca na banda e a projetou para uma sensível mudança de direcionamento e estilo musicais.

Após batalhas legais, o contato entre Fish e os outros quatro membros do Marillion não foi refeito até 1999. Apesar de atualmente estarem em relações cordiais, ambas as partes deixaram claro a impossibilidade em uma reunião da banda nos termos anteriores a 1988.

Após a divisão, a banda realizou turnê com Steve Hogarth, ex-tecladista e vocalista do The Europeans, preenchendo o lugar de Fish. Hogarth estava em situação complicada, pois a banda já havia gravado alguns demos para o próximo álbum, que se tornaria Seasons End, com Fish nos vocais e suas letras. Hogarth teve que recriar as letras para as canções já existentes juntamente com o autor John Helmer.

Para o terror dos puristas devo admitir que não odeio nem desprezo o trabalho de Hogarth. Certamente, ele não é o Fish, não possui sua cultura e menos ainda sua loucura, mas canta bem e tem carisma. Raramente eu vi um segundo vocalista valer alguma coisa quando subistitui o original e Hogarth tem a seu favor algumas boas canções.

É preciso muito mau humor para não admitir que “Easter”, “Uninvited Guest”, “Hooks in you” “Dry Land”e "No One Can" são boas canções. Eu não tenho mau humor tão grande e na atual fase os erros não podem ser creditados apenas a ele. Ou será possível que com a saída de Fish, os outros membros se tornaram tolos? Bem, é possível, mas é culpa de todos.

Não é que eu compare Hogarth a Fish. Simplesmente não há comparação. Fish é insuperável na história da banda como veremos à seguir. Apenas defendo que Hogarth é um profissional competente e cumpriu bem o papel que lhe coube na nova banda Marillion que depois da saída de Fish passou a trilhar cada vez mais caminhos criativos menos audaciosos.

Dito isto, passemos a Fish.

Fish não foi o primeiro vocalista da banda, ele era o baixista, mas ao assumir os vocais e participar das composições foi ele quem deu aquela banda que tinha instrumentistas formidáveis uma alma. Ele encontrou e cedeu a banda uma alma artística criativa, sonhadora e ao mesmo tempo enigmática e profunda.

Fish, o músico, o filosófo, o místico. Moldando em canções temas complexos e conduzindo-nos para discussões sobre nossas atitudes, nossos romances, nossos sonhos e nossa subjetividade e objetividade. Muitas vezes , se aproximava da mítica tolkieniana do qual a banda inspirou-se para o nome. Mas, não era uma entrada e sim um quadro a observar e liberar as próprias impressões.

Trazendo a baila temas e melodias que estavam perdidas no mundo invisível das sensações, pressentido-as no éter, e fazendo nascer canções marcantes como “Kayleigh”, “Assassing”, “Garden Party”, “Fugazi”.

Cada canção da “era Fish” mereceria um post, se quisermos nos aprofundar na letra, melodia, influências e os videoclips. O que dizer de “Warm Wet Circles”? Melodia e temas poderosos, belíssima. Muitas das canções da era fish são encantadoras e/ou instigantes até hoje. Adicionem à lista a fantástica “Heart of Lóthien (Um clipe divertido e genial) e a minha preferida “Lavender” (Toque simples, letra inspirada). A injustiça foi Fish ter nascido quase que perfeitamente com a assinatura vocal de outro gigante do movimento chamado “rock progressivo” o cantor Phil Collins. Isto criou situações incomôdas e comparações descabidas.

No entanto, o Marillion através de seu guru Fish trouxe um verdadeiro revival do rock progressivo nos anos 80, com discos e canções que figuram nas melhores listas do gênero. E não fiquei impune a força da banda e de Fish. O criativo artista, ao contrário do grupo que se perdeu em meio a auto indulgência e estagnação criativa, não abandonou o rock progressivo e seguiu em sua carreira solo criando discos relevantes cujo valor só pode ser medido para um público ansioso por canções que não sejam descartáveis.

Kayleigh - By Marillion/Fish

6 comentários:

  1. Maravilhoso....simplismente foi uma delícia este
    momento que passei lendo algo tão envolvente..
    esta banda marcou minha vida!!!!

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  2. Fantástico... Sou fã do Fish e do Marillion a 30 anos! Amei o texto... me fez voltar nos tempos. Esta banda também marcou minha vida.

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  3. oi
    adoro Marillion também, mas por ter ouvido mais a fase Hogarth do que Fish (meu pai ouvia seus discos e cds no último volume então a gente era obrigado a escutar também...) acabei gostando mais de H do que de Fish... mas concordo com vc, Fish era mais louco e ousado enquanto que Hogarth é comportado e tem excelentes canções a seu favor.
    beijo
    MJ

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  4. olá,simplesmente."maravilhosa banda e a voz de fish, não tem igual,Deus fez suas cordas vocais e jogou a formula no mar"
    bjs

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  5. Ouço Marillion desde 1984 e certamente FISH era absurdamente genial. seu estilo e voz afinada juntamente com seu carisma era indiscutível. Hogart tem seus méritos, porém para cantar suas canções...Quando canta as músicas da era FISH eu tapo os ouvidos, mas quando canta coisas como Easter, Beautiful, Seasons End etc....abro as janelas e começo a viajem...em fim...cada um no seu quadrado...Infelizmente, o velho Fish não tem mais aquela porção vocal que tinha, isso devido ao seu descuido com cordas vocais, Vodka, vinho, cigarros, etc...tudo demasiadamente...fico triste quando vejo shows recentes e sua voz dificilmente é escutada no tom mais alto...Como sou um apaixonado pela sua música, estou sempre de olho em tudo que ele realiza...Boa tarde a todos...

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  6. marillion ...simplesmente genial.as musicas de fish,principalmente nos albuns misplaced e clutching,fazem me arrepiar todo.
    tenho 41 anos e ouço marillion[fish]desde os meus 12 anos.
    QUE SAUDADES

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